Era uma típica noite de sábado na capital paulista, o tempo estava frio e chuvoso e o trânsito como é de costume estava um verdadeiro caos. Mas era um desses finais de semana que nem o trânsito ruim, nem a chuva impedem uma saidinha, porque minhas duas primas queridas tinham vindo de longe para me visitar e queriam sair para fofocar e conhecer a cidade.
Como ainda estava cedo para chegarmos na boate e a fome estava apertando, resolvemos ir até uma pizzaria que fica próxima a minha casa. O local estava lotado e tivemos que esperar alguns minutos até o garçom nos arranjar uma mesa. Assim que nos sentamos fomos resolvendo rapidamente o pedido e já falando para o atendente, a fome estava cada vez mais apertada, e vamos combinar que ficar sentindo aquele cheirinho de pizza e observando todos comendo é quase uma tortura.
Acabamos de comer e pegamos um táxi para a boate, minhas primas estavam curiosas para conhecerem a tão famosa noite de São Paulo, queriam ver se era isso tudo que ouviam mesmo. Mas como não éramos as únicas da cidade indo para a balada, ao chegamos a fila estava imensa, daquelas que você não consegue ver o final. E lá fomos nós. Depois de quase uma hora, nada havíamos mudado de lugar, a fila estava literalmente parada, comecei a ficar irritada, e para melhorar, um segurança, daqueles imensos e fortes que parecem jogadores de basquete e que ninguém se atreve a discutir vira e fala que a casa está lotada e que a entrada só seria liberada conforme o público fosse saindo do local, convenhamos, quem vai até uma night, num sábado à noite e chuvoso para sair da boate antes das 01h? Exatamente, ninguém. Por isso a frase dele me soou como “Procurem outro lugar porque aqui vocês não vão mais conseguir entrar hoje”. Foi então que no meio da confusão que se formou no momento eu reconheci um rosto, uma amigona minha, que era produtora de várias casas noturnas de SP e obviamente estava usando toda a sua lábia e conhecimento para entrar na boate sem ter que enfrentar aquela fila. Não sou a favor de furar fila nem nada, em uma situação normal não faria isso, mas minhas primas me visitam uma vez ao ano e logo naquele dia eu ia ficar na rua e na chuva enquanto todo mundo estava se divertindo dentro da boate? Isso não me parecia justo no momento.
Então posso dizer que o que fiz após isso foi por caridade e amor as minhas primas (isso é só um jeito de me justificar e continuar com o direito de criticar e gritar com alguém que fure fila na minha frente). E lá estava eu indo falar com minha amiga para tentar entrar de forma “facilitada” digamos assim, e num ato brusco ela agarrou minha mão e me puxou para dentro da boate sem que eu tivesse tempo de falar nada, nem de pedir para colocar minhas primas para dentro também, e foi entrando no meio das pessoas até chegar na pista de dança, com aquela barulheira e muvuca toda, mal conseguíamos nos entender em gestos, muito menos nos comunicar em palavras. E enquanto eu gesticulava para tentar explicar a situação um passe de mágica fez ela desaparecer, parecia que estava sendo engolida pela multidão, sabe areia movediça? era exatamente assim, só que no caso eram “pessoas movediças” digamos assim.
Foi então que o meu perrengue começou, fui até a porta tentar conversar com as recepcionistas, mas quem disse que o segurança de 2 metros e meio me deixou passar? Para melhor, o celular não pegava de jeito nenhum e comecei a falar com todo mundo perto da porta, parecendo uma louca, numa atitude desesperada de conseguir alguma ajuda. Eis que me surge uma moça, meio atrapalhada e cheia de papeis em sua prancheta e é claro que eu fui falar com ela sem nem pestanejar, expliquei minha situação toda e ela falou que ia me ajudar, só tinha que resolver umas coisas e arranjar alguém que falasse inglês fluente antes, pois estava com 2 convidados super especiais, eram músicos do exterior, e não conseguia atendê-los de maneira adequada pois a única funcionaria do estabelecimento que falava inglês havia faltado. Conclusão, nunca pensei que anos no cursinho de inglês e um intercâmbio cultural fosse ser tão útil em uma noitada. Assim como que em uma troca de favores, eu resolvi a situação dela enquanto ela foi procurar minhas primas, que eu descrevi e falei que deveriam estar desesperadas e sem saber o que fazer, mas para minha surpresa, quando elas entraram estavam agarradas com 2 rapazes, acreditam??
Enquanto eu estava desesperada e preocupada com elas, elas estavam flertando e se arranjando para a noite, e eu, como meu namorado tinha ficado no Rio no final de semana, fiquei a noite toda conversando com a tal moça, que no final descobri que era produtora do local e tinha se formado aqui no Rio de Janeiro, sabem onde? Isso mesmo, na FACHA.
Comprovando mais uma vez que em todo lugar realmente tem alguém da FACHA.
Ana Carolina Mastrangelo
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